Franco Suíço afeta Europa de Leste

A eliminação do teto do franco suíço afeta as empresas endividadas com esta moeda, um problema significativo na Europa de Leste e, especialmente, na Polónia.
Analisis Credito y Caución
Madrid - 24-fev-2015

A eliminação do teto do franco suíço tem tido consequências dramáticas no mercado de câmbio. A 15 de janeiro, o Banco Nacional da Suíça surpreendeu os mercados com o abandono do seu teto em relação ao euro, que se havia estabelecido em 2011 para evitar a sobrevalorização do franco suíço. Após a notícia, o franco subiu o seu valor para 39% em relação ao Euro, terminando o dia acima dos 15%.

Ao mesmo tempo, o banco central reduziu a sua taxa de juro de referência de forma a prevenir a entrada de novos fundos no país. A Suíça é considerada um refúgio para os investidores internacionais. Esta taxa de juro excecionalmente baixa pode reduzir a pressão sobre o franco, ao mesmo tempo que o retorno do investimento no país diminui.

Diversas empresas estrangeiras tiveram problemas de imediato e já se registaram as primeiras falências. As instituições financeiras em particular, como os bancos de investimento, os fundos de cobertura e os operadores de câmbio, que dependiam do câmbio fixo, têm sofrido enormes perdas.

Igualmente importante é o efeito sobre as empresas estrangeiras e as famílias que se endividaram na moeda suíça, uma prática popular quando as taxas de juro destes empréstimos eram, geralmente, baixas. As famílias e as empresas com dívida denominada em francos suíços estão a assistir ao aumento considerável dos seus níveis de endividamento e dos custos do serviço da dívida. Este problema é especialmente significativo na Europa de Leste. Na Polónia, por exemplo, cerca de 15% dos empréstimos pendentes e 37% da dívida das famílias é denominada em francos suíços. Outros países como Hungria e a Croácia têm tomado medidas proativas para reduzir, nos últimos anos, o número e o valor dos empréstimos denominados nessa moeda.

A medida afeta diretamente um número significativo de grandes empresas suíças. A bolsa suíça afundou-se imediatamente após a publicação da notícia. A Suíça depende em grande parte das exportações, que representam 70% do PIB. A maioria das empresas suíças que dependem da exportação estão a sair prejudicadas com esta situação, uma vez que os seus custos de produção interna estão a aumentar em relação aos seus preços de exportação, com o consequente corte dos níveis de benefícios. O turismo também pode ser afetado negativamente pelo aumento do preço do alojamento para turistas estrangeiros.

Por outro lado, um franco mais forte poderia aumentar a possibilidade de uma deflação prolongada. Com a valorização do franco, os preços de importação caem, pelo que se reduz a inflação suíça, que já era negativa em dezembro do ano passado. A consolidação da deflação poderia levar ao adiamento do consumo por parte dos consumidores e retardar o investimento por parte das empresas, o que prejudicaria o crescimento económico global do país.

 

Sobre a Crédito y Caución

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