A dependência de alguns países europeus das importações de gás russo levanta preocupações sobre a segurança energética.
O último relatório divulgado pela Crédito y Caución é claro: as exportações de gás da Rússia para a Europa não param de crescer e a Rússia está a fortalecer o seu controlo sobre o mercado europeu de gás. O relatório da seguradora de crédito centra a sua análise na evolução do gás na Europa da OCDE, uma região definida pela Agência Internacional de Energia que inclui todos os países da União Europeia, Islândia, Noruega, Suíça e Israel.
O mercado europeu do gás caracteriza-se pelo aumento do consumo desde 2014, impulsionado pela recuperação económica continuada e pela utilização adicional de gás no setor da produção de eletricidade, num contexto de queda da produção nos Países Baixos e no Reino Unido que não conseguiu compensar a recuperação na Noruega. De acordo com as previsões do relatório, a crescente diferença entre consumo e produção na OCDE aumentará as necessidades de importação dos 200 mil milhões de metros cúbicos (MMm3) de 2016 para cerca de 290 MMm3 em 2022.
A Rússia, o maior produtora de gás da Europa, é uma candidata natural para atender às crescentes necessidades dos países europeus. Em 2017, forneceu 192 MMm3 de gás para a Europa, face aos 159 MMm3 em 2015, e possui capacidade de produção adicional de aproximadamente 150 MMm3 para responder à procura dos próximos anos. A Rússia fornece gás relativamente barato através de uma intricada rede de gasodutos para os países europeus e está a desenvolver instalações de gás natural liquefeito.
A única alternativa a médio prazo para o gás russo é o corredor que ligará a Europa aos campos de gás no Mar Cáspio, que poderão estar disponíveis a partir de 2020. A sua capacidade inicial representará apenas 10 MMm3. Outra alternativa é a importação de gás natural liquefeito, que permite o transporte por navio, dos principais produtores mundiais, como os Estados Unidos, Austrália e Qatar. Com capacidade para regaseificar cerca de 230 MMm3 por ano, com uma taxa de utilização atual de 20%, a Europa está bem posicionada para importar mais gás natural liquefeito. No entanto, o relatório aponta que o gás natural liquefeito é mais caro que o de gasoduto.
"Como as alternativas são limitadas, não esperamos que a Rússia perca a sua posição dominante no mercado europeu", diz a seguradora, cujo relatório lembra as "preocupações com a segurança energética" geradas pela "crescente dependência das importações russas". Em 2016, as importações provenientes da Rússia cobriram 36% do consumo de gás na União Europeia, em comparação com 24% em 2010. A percentagem é superior a 80% em alguns países europeus, como os Estados Bálticos, a Finlândia, Eslováquia, República Checa e Bulgária.
Esta elevada dependência gera uma vulnerabilidade a interrupções no fornecimento, como ocorreu em 2006 ou 2009, causadas por disputas políticas ou comerciais ou falhas na infraestrutura. "A República Checa e a Eslováquia estão de certa forma melhor posicionadas do que os Estados Bálticos e a Bulgária, devido a uma melhor integração das infraestruturas com outros países da União Europeia. No entanto, todos os países da Europa Central e Oriental, em maior ou menor medida, são vulneráveis ".
Sobre a Crédito y Caución
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