A dissociação das economias afeta o desenvolvimento do comércio na Ásia

A gradual desvinculação das economias com a China terá consequências positivas e negativas para a evolução do comércio externo na Ásia.
 

Lisboa - 15-dez-2020

 

 

De acordo com o mais recente relatório da Crédito y Caución, a recuperação económica começou na maioria dos países asiáticos. A recessão das suas economias em 2020 foi curta e não tão profunda como no resto do mundo. Com exceção da Índia e das Filipinas, a recuperação foi clara a partir do terceiro trimestre e a região terá um retrocesso de apenas 1,3% em 2020, com uma recuperação esperada de 6,5% em 2021. O crescimento mais forte registar-se-á no Vietname e na China. A resposta fiscal e monetária variou de país para país. A Tailândia, a China e a Malásia aplicaram, até agora, o maior estímulo fiscal da Ásia emergente. Contudo, as autoridades chinesas vão ter maior contenção em 2021 de modo a evitar um maior crescimento da sua alavancagem. A chamada dívida aumentada, que inclui a administração central, as administrações locais e os seus veículos de financiamento, provavelmente ultrapassará os 100% do PIB no final deste ano. Ainda mais preocupante é a dívida das empresas não financeiras, em torno dos 160% do PIB. A dívida das famílias é menor, embora tenha aumentado até quase 60% do PIB. A Indonésia e as Filipinas têm menos margem para aplicar pacotes de estímulo adicionais. 

 

 

O novo plano quinquenal da China privilegia, por um lado, a autossuficiência tecnológica e, por outro, a dupla circulação, conceito que implica o fortalecimento do mercado interno sem descuidar o pilar externo. A economia chinesa procura fortalecer a sua resiliência face a choques externos e adaptar-se à tendência internacional de desvinculação das economias. Após as restrições impostas pelos EUA aos investimentos e à alta tecnologia chinesa, o Reino Unido, a Austrália, a Índia, o Japão e vários países da União Europeia tomaram medidas semelhantes. Depois de um longo período de globalização em que a transferência de tecnologia e de conhecimento através do comércio e do investimento foi benéfica para a produtividade e o crescimento do PIB chinês, a desvinculação das economias reduzirá, provavelmente, as suas taxas de crescimento.


Espera-se que o novo governo norte-americano mantenha uma abordagem firme em relação à China, embora reduzindo o uso de tarifas punitivas. Além disso, é previsível que retome uma abordagem multilateral para trabalhar com a União Europeia e o Japão no sentido de persuadir a China a introduzir mudanças no comércio e na concorrência. A curto prazo, o fim das guerras comerciais será favorável para o comércio internacional e asiático. Mais importante ainda será os EUA retomarem os acordos de livre comércio na Ásia. No entanto, a desvinculação comercial e tecnológica das economias dos Estados Unidos e da China continuará gradualmente nos próximos anos.


Esta tendência terá consequências para o resto da região. A principal é que as empresas irão reajustar as suas cadeias de fornecimento realocando a sua produção. As situações vividas durante a pandemia e o rápido aumento dos custos salariais na China vão provavelmente acelerar o processo. O Vietname é o destino mais frequente para as empresas que deslocam parte da sua cadeia de fornecimentos para fora da China. Além dos baixos custos salariais, o país tem a seu favor a participação em diversos acordos comerciais. A Malásia também está a beneficiar deste ajustamento. Embora os seus níveis salariais sejam comparáveis aos da China, a sua força de trabalho está mais capacitada para fabricar produtos eletrónicos especializados. Por outro lado, a situação problemática vivida em Hong Kong leva a que Singapura se afirme como o maior recetor de investimento estrangeiro direto na região.


Sobre a Crédito y Caución


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