A transformação global do setor elétrico está atrasada

De acordo com o mais recente relatório da Crédito y Caución, a transição energética para atingir emissões líquidas zero do setor elétrico até 2050 intensificou-se, mas é insuficiente.
 

Lisboa - 27-jun-2023

 

 

O setor da eletricidade desempenhará um papel decisivo para permitir que a atividade económica atinja emissões líquidas nulas. Os cenários previstos para o Net Zero 2050 preveem que, nas economias avançadas, atinja emissões líquidas zero até 2035. Terá de o fazer ao mesmo tempo que expande as suas capacidades de produção e transmissão para responder à explosão da procura associada à eletrificação progressiva da atividade económica. A taxa de eletrificação deve crescer de 20% em 2021 para 55% em 2050. De acordo com o último relatório da Crédito y Caución, a transição energética para atingir emissões líquidas zero do setor elétrico intensificou-se, mas é insuficiente.

 

A energia a carvão continua a ser a fonte dominante de produção de eletricidade e de emissões de CO2 no mundo. Apenas três emissores (China, Estados Unidos e Índia) são responsáveis por metade das emissões globais. Embora a longo prazo se espere que o carvão como fonte de energia seja gradualmente eliminado, o aumento dos preços do gás resultante da invasão da Ucrânia pela Rússia e a forte recuperação económica após a pandemia contribuíram para um aumento do uso de carvão para produzir eletricidade e as suas emissões retomaram uma tendência ascendente em 2021 e 2022.

 

A substituição da energia proveniente de combustíveis fósseis na transição para uma energia líquida zero exigirá uma enorme expansão da capacidade de geração de energia renovável, das redes elétricas e do armazenamento em baterias. A eletricidade gerada a partir de fontes renováveis duplicará para a energia eólica e triplicará para a energia solar nos próximos cinco anos. A recente crise energética desencadeou uma aceleração do investimento na geração de energia renovável, mas o défice anual de investimento global continua a ser grande, 30% abaixo do calendário para atingir emissões zero. 

 

A inovação tecnológica é demasiado lenta. Muito depende do desenvolvimento da tecnologia de captura, utilização e armazenamento de carbono (CCUS) para redução de emissões, que pode ser aplicada a centrais elétricas a carvão, gás natural e biomassa, mas também a outros setores e aplicações, como a indústria pesada e a produção de hidrogénio. O não desenvolvimento da CCUS poderá exigir grandes quantidades de investimento adicional na capacidade de energias renováveis até 2050. 

 

Embora as administrações públicas tenham intensificado o seu apoio à transição energética, especialmente nos Estados Unidos e na União Europeia, a transformação do setor energético está atrasada, o que não augura nada de bom para a consecução do objetivo global de emissões líquidas zero. Para muitos dos países com as emissões mais elevadas, continua a existir um fosso significativo entre o objetivo e as políticas anunciadas. Dos quatorze maiores emissores (responsáveis por 75% do total), apenas Brasil e Canadá têm metas para 2030 para o setor elétrico consistentes com o caminho para emissões líquidas zero. Os Estados Unidos e a Alemanha pretendem atingir 80% de energias renováveis no cabaz energético até 2030, mas as suas perspetivas de cumprimento são menos encorajadoras. A maioria dos outros países tem metas pouco ambiciosas e, na maioria dos casos, nem sequer chega perto de as alcançar.

 

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