Indonésia recuperará o crescimento em 2015

O crescimento anual na Indonésia, impulsionado principalmente pelo consumo privado e pelo investimento, diminuiu ligeiramente em 2013, ficando abaixo dos 6%.
Analisis Credito y Caución
Madrid - 09-out-2014

Após crescimentos anuais entre 2010 e 2012 acima dos 6%, impulsionados principalmente pelo consumo privado e por investimentos, a Indonésia sofreu uma ligeira diminuição em 2013. À semelhança do que se verifica noutros mercados emergentes, a moeda esteve sob pressão devido à recuperação económica dos Estados Unidos e à política de compra de obrigações da Reserva Federal. Em 2013, quando os investidores estrangeiros liquidaram os seus ativos financeiros e ações na Indonésia e retornaram às economias desenvolvidas, a rupia atingiu o nível mínimo em quatro anos face ao dólar americano.

A Indonésia tornou-se num dos “cinco países frágeis” em conjunto com o Brasil, a Índia, a África do Sul e Turquia, pelas incertezas quanto à capacidade de atrair investimento estrangeiro para cobrir os défices da balança de transacções correntes e o crescimento económico. Porém, o Banco da Indonésia reagiu aumentando a sua taxa de juro de referência diversas vezes entre Maio e Dezembro de 2013, de 5,75% até aos 7,5%, por forma a apoiar a moeda e deter a saída de capital. Em 2014, a bolsa de valores e a taxa de câmbio demonstraram resistência. Ainda que o crescimento económico tenha diminuído até 5,2% no primeiro trimestre e 5,1% no segundo trimestre de 2014, devido à redução das exportações e às despesas públicas, a Crédito y Caución prevê que a evolução do PIB encerre 2014 com um crescimento de 5,4%, ao qual se seguirá uma recuperação até 6,2% em 2015.

Os anos de resultados económicos positivos contribuíram para o aumento da classe média na Indonésia, estimada em mais de 30 milhões num país de 242 milhões, o que reforçará o consumo nacional a curto e médio prazo. Enquanto as bases económicas do país são ainda sólidas, a posição externa da Indonésia é agora mais vulnerável do que no passado, devido ao seu défice da balança de transacções correntes e ao aumento da dívida externa do setor privado. No decurso deste ano, a Indonésia não foi prejudicada por uma saída massiva de capital internacional. Contudo, não se pode excluir a hipótese da rupia de Indonésia voltar a estar sob pressão, se a Reserva Federal dos Estados Unidos reduzir ainda mais o estímulo monetário, como ocorreu em 2013. Portanto, é imprescindivel uma reforma estrutural e uma redução da necessidade de financiamento externo.

Ausência de Reformas

Continuará o governo uma trajetória reformista? O Presidente atual declarou que a economia poderia crescer até 7% nos próximos anos. No entanto, para atingir este ambicioso objetivo, é necessário enfrentar os problemas estruturais profundos na Indonésia. A burocracia, a corrupção generalizada, um sistema legal deficiente, um mercado laboral inflexível, e uma infraestrutura insuficiente continuam a limitar o crescimento. A reforma do mercado laboral e a redução de subsídios foram adiadas constantemente pela pressão popular e pela resistência política. Apesar das promessas repetidas sobre a luta contra a corrupção, esta continua a proliferar tanto na sociedade, como no mundo empresarial.

O setor bancário indonésio é bastante pequeno. O crédito nacional atinge aproximadamente 50% do PIB. Contudo, melhorou de forma significativa na última década. A banca estatal corresponde apenas a um terço do setor bancário total e os atrasos bancários diminuíram nos últimos anos até 6%. No entanto, a banca estatal está muito exposta às empresas públicas.

A estrutura deficiente converteu-se numa das barreiras mais importantes para um crescimento económico sustentável. As zonas rurais dos arredores de Java e as principais cidades sofrem de uma infraestrutura inexistente e de uma congestão incessante, respetivamente, e o governo hesitou na busca de uma solução para os problemas de transporte.

Ainda existem demasiadas barreiras para o investimento estrangeiro direto, gravemente afetado pelas deficiências na infraestrutura e pelo fornecimento de energia, pelo que não é uma surpresa que o investimento realizado em capacidade e infraestrutura de extração de petróleo se mantenha em níveis insatisfatórios. Ainda que a Indonésia tenha realizado progressos importantes na reforma do sistema fiscal, acatando as normas de comércio internacional e tratando da tramitação das licenças, é preciso mais melhoras neste contexto empresarial precário, para atrair mais investimentos estrangeiros.

Nos últimos anos, a Indonésia tomou medidas efetivas para combater o terrorismo islâmico. A organização responsável pelo ataque em Bali em outubro de 2012 foi erradicada, mas existem outros pequenos grupos e o risco de ataques contra os complexos turísticos e os representantes diplomáticos ocidentais não desapareceram. Além disso, a Indonésia continua vulnerável ao separatismo. Apesar de melhorias importantes com os grupos de Aceh, ainda existem problemas com os movimentos de Papua Ocidental.

Aumento do proteccionismo?

Outra questão é o aumento do protecionismo na Indonésia, já que o país adotou uma postura mais nacionalista na sua política económica. Em janeiro de 2014, entrou em vigor a proibição da exportação de minerais sem processamento, a qual infligiu um golpe à indústria mineira e assustou os investidores. Desde então, foram adicionados novos minerais e decorrente da proibição, aumentou a confusão nas empresas mineiras. Uma nova lei de comércio aprovada em fevereiro de 2014 poderia ser outro indício de nacionalismo, uma vez que permite que o governo restrinja as importações e exportações, mas as suas condições específicas são vagas.

O défice orçamental anual aumentou desde 2010, atingindo 2,2% do PIB em 2013. Isto deve-se em grande parte aos subsídios dispendiosos ao combustível, que representam mais de 15% do orçamento nacional. Os preços do combustível são um tema muito delicado na Indonésia, onde cerca de 100 milhões de pessoas vivem com dois dólares norte-americanos por dia, ou até menos. Cada ano gasta-se mais dinheiro público em subsídios no combustível, do que nos programas sociais e nas despesas de investimento juntos. Os referidos subsídios diminuem as despesas públicas para o investimento necessário na infraestrutura e nas despesas sociais, afetando a sustentabilidade financeira a longo prazo.

É necessário perceber se a redução nos subsídios ao combustível proposta pelo novo governo será posta em prática de forma a poder conciliar as contas públicas e permitir mais investimento em infraestruturas. Para eventuais iniciativas numa reforma completa, o novo presidente precisaria de um governo com uma coligação estável e uma grande maioria no parlamento. No entanto, nas eleições legislativas de maio de 2014, obteve apenas 19% dos lugares. Seria conveniente uma coligação de pelo menos quatro partidos para conseguir a maioria da Indonésia, um mercado onde a fragmentação política tem sido, no passado, uma das razões da persistente incapacidade para realizar reformas estruturais.

 

Sobre a Crédito y Caución

A Crédito y Caución  é um dos operadores líderes em seguro de crédito interno e de exportação em Portugal, com uma quota de mercado de 23%. A Crédito y Caución contribui para o crescimento das empresas, há mais de 85 anos, protegendo-as dos riscos associados às vendas a crédito de bens e serviços. Desde 2008 é o operador do Atradius em Portugal, Espanha e Brasil.

Atradius é o operador global de seguros de crédito, presente em 50 países, que tem acesso a informação de crédito em mais de 100 milhões de empresas em todo o mundo. O operador global consolida a sua actividade no âmbito do Grupo Catalana Occidente.

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