As medidas de estímulo fiscal decorrentes da pandemia representam 13% do PIB polaco, mas a dívida pública vai fechar 2020 com níveis sustentáveis.
A Crédito y Caución prevê que a contração económica da Polónia em 2020 não ultrapasse os 3,5%, significativamente abaixo dos 8% esperados para a Zona Euro. As medidas de estímulo fiscal relacionadas com a pandemia representam 13% do PIB polaco. Espera-se que o défice fiscal aumente até 8,5% em 2020 depois de um acréscimo de 0,8% em 2019. Contudo, a previsão é que a dívida pública polaca feche 2020 em 56% do PIB, um nível sustentável. Embora a dívida pública esteja sujeita a um certo risco cambial e seja vulnerável ao sentimento dos investidores internacionais, a sua composição geral continua a ser de baixo risco.
As exportações polacas diminuíram 4,3% em 2020, uma deterioração que se irá centrar no setor automóvel e de componentes. Contudo, o desempenho da economia polaca está menos dependente das exportações do que outros mercados da Europa central, como a República Checa, a Hungria ou a Eslováquia. O consumo privado representa 58% do PIB polaco, o que reduz a vulnerabilidade externa. Muitas das medidas de estímulo foram dirigidas para a manutenção do consumo das famílias, que terá uma redução de apenas 4,8%.
Alguns setores encontram-se gravemente afetados pela recessão económica. Na indústria da construção as margens são muito estreitas, com um aumento do risco de crédito entre os operadores mais pequenos. Devido à atual recessão, as empresas veem-se afetadas pelo adiamento de projetos e pela redução do volume de encomendas. Prevê-se que os atrasos nos pagamentos e as insolvências aumentem em 2020. O mesmo sucede com o setor automóvel, que sofre uma deterioração das vendas de veículos de turismo e comerciais, e um forte endividamento. Como consequência da deterioração da procura desses setores compradores chave, as indústrias de máquinas, metalurgia e aço veem o seu desempenho deteriorar-se e as previsões apontam para um aumento tanto dos atrasos nos pagamentos como das insolvências em 2020, em especial entre as PME. O setor de bens de consumo duradouro e os grossistas e retalhistas do setor têxtil foram afetados negativamente pelos confinamentos, pela diminuição do sentimento dos consumidores e pelo aumento do desemprego. A solidez financeira de muitas empresas deteriorou-se gravemente, e prevê-se que as insolvências aumentem nestes setores.
A legislação laboral está a provocar escassez de mão de obra, reduzindo a capacidade de produção no setor manufatureiro. Este problema, exacerbado pela redução da idade de reforma, poderia pesar muito no crescimento económico potencial da Polónia. Na Europa central, a economia polaca parece ser a mais vulnerável a um fracasso das negociações entre a União Europeia e Reino Unido sobre a sua futura relação. As remessas anuais dos polacos ascenderam a 7.000 milhões de euros em 2019, em grande medida procedentes do Reino Unido. A longo prazo, a saída do Reino Unido da UE poderia afetar os fundos estruturais da UE, que desempenham um papel importante no progresso económico da Polónia.
Sobre a Crédito y Caución
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