A contração no Brasil será menos intensa do que o esperado

O Brasil é vulnerável a mudanças no sentimento dos investidores internacionais, mas resistente aos grandes choques globais 
 

Lisboa - 10-nov-2020

 

 

A pandemia global pôs fim à modesta recuperação económica que se registava no Brasil desde 2017, após uma longa e profunda recessão. A propagação do coronavírus e as medidas para a sua contenção tiveram um grande impacto na procura interna no primeiro semestre de 2020, gerando uma forte contração no setor de serviços, que representa cerca de 63% do PIB. Contudo, em comparação com os seus homólogos da região, uns confinamentos menos restritivos e um maior estímulo fiscal têm resultado em menores perdas de produção. A contração da economia no Brasil será menos significativa do que o esperado: de acordo com a revisão das nossas previsões, o PIB cairá em 2020 uns 4,6%, o que representa uma melhoria de 1,6 pontos em comparação com a estimativa de agosto.

 

 

O impacto do elevado desemprego no consumo privado tem sido mitigado pelas ajudas de emergência que, de acordo com cálculos oficiais, chegaram a 67 milhões de brasileiros. As exportações, que sofreram um acentuado declínio na primeira metade do ano, têm recuperado e vão crescer 0,5% em 2020. De acordo com a atual previsão, a economia do Brasil vai recuperar o crescimento em 2021, a uma taxa de cerca de 4%. No entanto, um possível prolongar da pandemia representa um risco significativo de queda para este cenário.


Com a finalidade de apoiar a economia, o Banco Central tem vindo a reduzir as taxas de juros para um mínimo histórico e apoiado linhas de crédito para consumidores e empresas. As autoridades federais têm lançado medidas fiscais equivalentes a 12% do PIB. O défice fiscal já era a principal fragilidade económica do Brasil antes do coronavírus. No entanto, a declaração de estado de calamidade eliminou a necessidade de cumprir com as leis que tentavam conter os gastos públicos. Neste contexto, é esperado que a dívida pública suba até 91% do PIB. Por enquanto, o risco monetário, de refinanciamento e de incumprimento soberano estão a ser mitigados pelo facto de 88% da dívida ser financiada internamente e 95% em moeda local.


O Brasil é vulnerável a mudanças no sentimento dos investidores internacionais, mas resistente aos grandes choques globais. Um setor financeiro forte, reservas oficiais consideráveis, necessidades de refinanciamento externo relativamente baixas e o uso de coberturas de risco de divisas permitem que a taxa de câmbio flexível atue como um amortecedor. A dívida em moeda estrangeira, que representa 39% do PIB, ainda permanece administrável. O tecido empresarial acumula 66%, seguido de 20% dos bancos e 14% da Administração Pública. A maioria das empresas endividadas externamente têm coberto o seu risco de divisas. O risco de refinanciamento também se vê mitigado pelo facto de que uma grande parte desta dívida em divisas, dois terços, ser mantida com outras empresas não-financeiras.   

 

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