LUZES E SOMBRAS DE RECUPERAÇÃO Flávio Navarro, diretor presidente da Crédito y Caución no Brasil Ao longo de 2010, a economia global está mostrando sinais claros de recuperação em um processo que mantém, no entanto, os contrastes entre países e regiões. Segundo nossas últimas previsões no primeiro semestre deste ano, a Crédito y Caución espera que os Estados Unidos encerrem 2010 com um crescimento de 3,3%, em linha com 3,2% de expansão do Japão, mas bem acima dos 1,1% que estimamos para a zona do euro. Na Europa, existem grandes diferenciais: Alemanha e França crescerão, respectivamente, 1,8% e 1,4%, mas a Itália não ultrapassará 0,9% e a Espanha seguirá decrescendo, embora a um ritmo muito mais lento do que em 2009. O impacto dessa recuperação que está sendo percebida no comércio mundial, também pode ser presenciada no Brasil diante do cenário das taxas de juros, de câmbio, de desemprego, assim como das contas externas, da inflação e do mercado de crédito. Este contexto, atrelado com a nossa experiência no segmento, mostra que a tendência do crédito é continuar crescendo fortemente. O estoque de crédito do Sistema Financeiro Nacional deve sinalizar um avanço de 1,4% ao mês [agosto de 2010 com referência a agosto de 2009] ou de 18,3% ao ano referindo-se ao mesmo período. Esse significativo e robusto crescimento reflete uma economia que continua muito aquecida. Neste mês, o IPCA-15 registrou alta de 0,31% nos preços, acima das expectativas [0,23%] e da mediana do mercado [0,24%] rompendo a tendência vista entre junho e agosto. Com isso, o IPCA-15 acumulado em 12 meses subiu para 4,57% frente aos 4,44% de agosto, o menor patamar desde janeiro [4,31%]. Mudando o que foi visto nos últimos meses, os destaques foram vestuário, transporte, saúde e educação. Em outras palavras, quase tudo exceto alimentação. O IPCA-15 excluindo preços de alimentos registrou 0,33% na primeira metade de Setembro. Assim, parece que a inflação está refletindo o descompasso entre oferta e demanda. Com isso, acreditamos que a perspectiva para os próximos meses seja de aceleração da inflação de alimentos, e isso deve pressionar mais ainda a inflação. Projetamos inflação de 0,45% nos preços ainda em setembro. Esta recuperação global, cujo os riscos e oportunidades para milhões de empresas são a razão para o seguro de crédito. Depois de registrar constantemente desde 1970 o crescimento médio de 7%, as exportações das grandes economias ocidentais caíram acentuadamente em 2009, entre 15 e 25%. Dados recentes indicam, no entanto, que o comércio mundial também está se recuperando com rapidez, a um ritmo anual de 10%. Porém, nem todos os indicadores econômicos estão mostrando a mesma evolução, o que coloca algumas sombras sobre este cenário. Os programas de incentivo estão contribuindo para a recuperação mundial, mas o consumo e o investimento, principais motores do crescimento a longo prazo, permanecem fracos. As taxas de desemprego se estabilizaram em torno de 10% nos EUA. Já na zona do euro, existem diferenças acentuadas que vão de 4% dos Países Baixos a 19% na Espanha. Entretanto a produção industrial ainda está dez pontos percentuais abaixo dos níveis pré-crise, sugerindo que o desemprego ainda permaneça, durante algum tempo, muito acima dos níveis registrados em 2008. Não cabe esperar tampouco melhorias significativas a curto prazo e isso será um desafio adicional para as pequenas e médias empresas. Ao longo dos últimos dois anos, a profundidade e a gravidade da recessão mundial se refletiu com força e persistência no aumento da recessão empresarial, gerando um ambiente de negócios bastante complexo. A boa notícia é que as expectativas atuais de uma moderada recuperação implicam na estabilização desta evolução. Em linha com as previsões da Crédito y Caución, as variações dos níveis de insolvência em 2010 nos EUA e mercados da zona do euro estarão situadas, seja qual for a situação, em um intervalo de 5 a 10%. Além disso, a partir de 2011 podemos esperar uma melhoria geral desses níveis em todos os mercados, apesar de estarmos ainda longe dos valores de antes da crise mundial. Nosso conselho para as empresas é, permanentemente, reforçar a sua gestão de risco de crédito do cliente, podendo assim continuar a fazer parte desse crescimento do comércio global cheio de oportunidades e sem estarem desprotegidas ante o potencial e imponderável risco de inadimplência. |
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