Mercado do Aço continuará a sofrer em 2017

O sector do aço apresenta um complicado comportamento nos pagamentos, marcado pelo excesso de capacidade, redução da procura e pressão sobre os preços.
Analisis Credito y Caución
Madrid - 13-out-2016

 

A China é o epicentro das profundas mudanças no sector do aço, que apresenta a nível global um comportamento complicado face aos pagamentos, marcado pelo excesso de capacidade, baixa procura, pressão sob os preços e pelos altos custos de produção, segundo revela o mais recente estudo difundido pela Crédito y Caución. Até muito recentemente, o país asiático foi um motor de crescimento para a indústria do aço, dando resposta a metade da procura mundial. No entanto, desde 2014 a procura chinesa diminuiu significativamente: não só deixou de importar como também o sector produtivo tem aumentado significativamente as suas exportações. Em 2015, estas aumentaram 20% e em 2016 podem reduzir em até dois dígitos. À medida que os excedentes de aço da China foram encontrando o seu caminho nos mercados internacionais, os seus baixos preços exerceram uma pressão global, o que provocou reduções em até 40% nas quotas de alguns metais e problemas de sobrecapacidade em todo o mundo.

Apesar deste incremento nas exportações, o sector do aço na China regista um mal comportamento nos pagamentos nos últimos dois anos e um aumento substancial das insolvências. Prevê-se que a demanda do aço na China diminua, contudo, um adicional de 4% em 2016 e 3% em 2017. Face a este contexto, o governo chinês quer reduzir a sobreprodução do aço e consolidar a indústria concentrando os 60% da capacidade total em dez principais produtores.

Na Índia, as importações de aço aumentaram quase 3%, ao mesmo tempo que as exportações diminuíram 27%. A fim de proteger os produtores nacionais do aço barato, principalmente chinês, o governo indiano fixou preços mínimos de importação e diversas barreiras não tarifárias num contexto que que se espera que a procura nacional por aço aumente em 6% devido ao impulso da construção, bens de consumo duradouros e projectos públicos de melhoria de infra-estruturas e habitação.

Na Alemanha, os balanços de muitas empresas de aço evidenciam perdas, já que o excesso de capacidade e a redução dos preços geraram uma forte concorrência, com menores vendas e margens. Apesar de tudo, o sector registou ligeiros crescimentos que mostram a sua capacidade para enfrentar as importações baratas da China e outros concorrentes estrangeiros com a sua vantagem competitiva: produtos de alta tecnologia para subsectores como a automação, construção e engenharia mecânica.

No Reino Unido, à situação geral do mercado adiciona-se a incerteza devido ao Brexit, que afetou especialmente a construção. Em Itália, o sector está submerso num processo de consolidação e fusão de operadores para fazer frente a um histórico muito complexo: a produção italiana de aço diminuiu mais de 7% em 2015 e mantém a mesma tendência em 2016. Para além de uma diminuição da procura interna, o sector enfrenta o baixo custo do aço chinês, 15% mais barato, e o encerramento de alguns dos mercados mais importantes para a exportação, que impuseram limites às importações.

 

Sobre a Crédito y Caución

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