A primeira subida de taxas de juro nos Estados Unidos desde há quase dez anos terá efeitos muito prováveis sobre o crescimento nos países emergentes, que já estão sob pressão pela desaceleração da China, a descida das exportações, os preços das matérias-primas e a depreciação das moedas. O último estudo difundido pela Crédito y Caución prevê um aumento das quebras empresariais e expressa a sua preocupação pela evolução da solvência das empresas nos países emergentes, que se endividaram fortemente na última década.
A subida de taxas de juro faz parte de um processo de normalização da política monetária adotado em 2008. A Reserva Federal dos Estados Unidos começou a preparar o mundo para um aumento das taxas de juro desde o início de 2014, o que faz desta normalização um dos processos mais transparentes, largamente preparados e melhor comunicados neste âmbito. Porém, este fator não garante um processo sem contratempos, dado o impacto da política monetária norte-americana nos fluxos de capital face aos mercados emergentes e as suas taxas de câmbio e juros. De acordo com o estudo divulgado pela Crédito y Caución, os mais vulneráveis são a Turquia e, em menor medida, Indonésia, África do Sul e Malásia.
A política monetária ultra flexível dos Estados Unidos que começou em 2008 impulsionou para os mercados emergentes os fluxos de capital dos investidores em busca de rendimento. Desde então, as empresas dos mercados emergentes, em particular nos setores da energia e da construção, têm aumentado a sua dívida aproveitando este longo período de dinheiro barato.
O campeão da dívida empresarial é a China, onde a dívida corporativa cresceu rapidamente até se situar nos 180% do PIB, o quarto nível mais alto do mundo. Porém, no gigante asiático, a dívida corporativa é financiada principalmente na moeda local, o que fortalece a sua posição face a uma mudança no sentimento do mercado global. Muito mais vulneráveis são as empresas de outros mercados, onde é significativo o endividamento em moeda estrangeira com financiamento externo por parte de não residentes.
Na realidade, o processo de ajuste já está em curso e teve início em 2013. Os países com um alto grau de investimento estrangeiro e duvidas sobre a eficácia da sua política monetária são mais sensíveis às alterações do sentimento do mercado e por isso à saída de capital.
As mudanças nos fluxos de capital para os Estados Unidos em detrimento dos mercados emergentes, conduziu, no passado, a crises financeiras ou incumprimentos por parte do Estado nas economias emergentes. De forma a suavizar estes efeitos, a Reserva Federal melhorou a sua estratégia de comunicação e os mercados emergentes as suas políticas macroeconómicas. Não obstante, as previsões comunicadas pela Crédito y Caución insistem que a mudança da política monetária da Reserva Federal terá um impacto negativo moderado sobre a solvência das empresas dos países emergentes.
Sobre a Crédito y Caución
A Crédito y Caución é um dos operadores líderes em seguro de crédito interno e de exportação. A Crédito y Caución contribui para o crescimento das empresas, há mais de 85 anos, protegendo-as dos riscos associados às vendas a crédito de bens e serviços. Desde 2008 é o operador do Atradius em Brasil, Espahna e Portugal.
Atradius é o operador global de seguros de crédito, presente em 50 países, que tem acesso a informação de crédito em mais de 100 milhões de empresas em todo o mundo. O operador global consolida a sua actividade no âmbito do Grupo Catalana Occidente.
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