A Austrália é uma das economias mais avançadas, tendo demonstrado um dos melhores comportamentos durante a crise e tendo sido impulsionada pelo auge do seu setor mineiro. Até 2014, a indústria mineira australiana tinha registado um aumento notável, graças à industrialização das economias emergentes na Ásia, especialmente da China, que transformaram significativamente o mercado mundial das matérias-primas. Na última década, o crescimento da mineração na Austrália aumentou 13% o rendimento real per capita do país, 6% os salários reais e diminuiu a taxa de desemprego em mais de 10%. Também gerou uma importante valorização do dólar australiano, o que prejudicou outras indústrias dependentes do comércio externo, como a transformadora e a agrícola.
Porém, os preços das matérias-primas diminuíram significativamente desde o início de 2014, principalmente devido à descida da procura da China. O preço do metal caiu 44% em comparação com o seu nível máximo de 2011. As empresas mineiras da Austrália, especialmente aquelas que entraram no mercado no momento do auge, enfrentam dificuldades cada vez mais significativas, o que resultou em despedimentos em larga escala de colaboradores, em grandes amortizações de ativos e na paralização ou adiamento de projetos. As atividades de exploração bloquearam, encontrando-se praticamente em ponto morto. É esperado que a descida de investimento mineiro acelere 20% em 2015.
A situação está a provocar uma importante reestruturação do setor, à qual apenas irão sobreviver a médio-prazo os grandes fornecedores globais, com grandes volumes de produção, um nível elevado de eficiência e baixos custos. Espera-se que os preços do minério de ferro e do carvão se mantenham num nível baixo durante os próximos anos, devido ao excesso de capacidade existente. As principais empresas de minas não mostram sinais de estar a reduzir a sua produção, o que aprofunda um desequílibrio entre oferta e procura. Algumas destas empresas aumentaram mesmo os seus níveis de produção com o objetivo de cumprir com os orçamentos de receitas e defender as quotas de mercado.
Os setores relacionados, como a construção e as empresas de serviços - companhias aéreas que transportam para os mineiros, restaurantes, alojamentos e empresas de serviços de alimentos – também se estão a ver afetadas. A Austrália Ocidental já se encontra a sofrer as consequências da recessão: o preço da habitação diminuiu, o consumo caiu e o preço da maquinaria reduziu 50% face aos preços da época de maior prosperidade.
Esta evolução do setor mineiro terá um impacto no PIB australiano. O crescimento da Austrália durante 2014 viu-se impulsionado pelo aumento do volume de produção e exportação de matérias-primas, resultante de um investimento significativo na capacidade dos anos anteriores. Embora se preveja que as exportações de matérias primas se mantenham em níveis elevados, a sua contribuição para o crescimento económico irá diminuir devido à descida dos preços. O impulso previsto do consumo, de 2,6% este ano, e a fragilidade do investimento empresarial noutros setores não será suficiente para equiparar a taxa de crescimento económico à tendência anterior. A taxa de câmbio do dólar autraliano face ao norte-americano, que começou a depreciar em setembro, perdeu 20% do seu valor até julho de 2015. A depreciação beneficiou setores como o turismo e outras indústrias orientadas para a exportação, como a transformadora e a agrícola. Contudo, o nível de depreciação é ainda insuficiente para alcançar um crescimento equilibrado. A Crédito y Caución prevê uma desaceleração do PIB de 2,4% em 2015, que poderia melhorar uma décima em 2016.
O clima de insolvência também será afetado. Em 2008 e 2009, o número de insolvências empresariais aumentou drasticamente, apesar da Austrália ter conseguido escapar à recessão. Entre 2010 e 2013, manteve-se num nível historicamente elevado até à sua redução de 2014. Porém, em 2015 prevê-se uma estabilização ou um ligeiro aumento das falências empresariais. Devido à descida da procura e dos preços, algumas empresas de mineração decidiram suspender as operações inviáveis ou foram intervencionadas. Durante o período do auge, os contratantes mineiros investiram quantidades elevadas em equipamento novo, o que não gerou as receitas previstas, enquanto que os empréstimos adquiridos para estes investimentos devem ser reembolsados.
Sobre a Crédito y Caución
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