A construção enfrenta 2015 sem uma base estável

Segundo o estudo divulgado pela Crédito y Caución, apenas a Alemanha, o Japão e os Estados Unidos mostram melhorias na construção.
Analisis Credito y Caución
Madrid - 14-abr-2015

As perspetivas não são promissoras na indústria da construção. Mesmo os países que mostram aumentos modestos neste setor, como é o caso dos Países Baixos e do Reino Unido, mantêm-se os elevados níveis de insolvência, atrasos nos pagamentos, pressão sobre as margens e problemas de liquidez. Segundo o estudo divulgado pela Crédito y Caución, nas economias avançadas, apenas a Alemanha, o Japão e os Estados Unidos mostram melhorias no setor da construção, mas mesmo aí os problemas persistem em determinados subsetores e em pequenas empresas.

Nos mercados emergentes, só os Emirados Árabes Unidos mostram uma evolução favorável, contudo a baixa dos preços do petróleo terá um impacto negativo na despesa pública e como consequência, no setor. O México, apesar da melhoria nas perspetivas para 2015, ainda tem que enfrentar as limitações estruturais. No Brasil, destacado ainda não há muito como um dos mercados mais promissores do mundo para a construção, o setor viu-se afetado pela desaceleração económica e pelos casos de corrupção.

O efeito tesoura

Em 2014, o setor da construção francês deteriorou-se devido a uma forte diminuição da compra da primeira habitação, ao adiamento das obras públicas e ao fracasso do programa de isenções fiscais para impulsionar o investimento imobiliário. A produção da construção desceu 4,3% em 2014. As novas habitações diminuíram quase 10% em 2014, devido a uma forte deterioração no segmento de habitações unifamiliares. O mercado da construção não residencial teve uma quebra de 10% e as obras públicas mais de 13%.

As empresas de construção enfrentam muitas dificuldades, com baixos níveis de receitas e de investimento. Devido ao difícil acesso ao crédito de curto-prazo, a situação financeira das empresas de construção vê-se afetada pelo efeito tesoura de margens reduzidas e grandes atrasos nos pagamentos. Provavelmente, esta tendência irá consolidar-se nos próximos meses, ao mesmo tempo que as falências das empresas de construção irão aumentar devido aos níveis modestos de crescimento económico.

Nos Países Baixos, apesar de alguns avanços positivos como o aumento das vendas de habitações e os preços mais elevados das mesmas, a construção permanece frágil, já que a procura continua muito abaixo dos níveis anteriores à crise. A perspetiva imediata de construção habitacional e pública é menos sombria que em anos anteriores.

A produção na construção no Reino Unido aumentou 5,8% em 2014. Os dados de crescimento deveram-se principalmente a 22% de aumento das novas habitações e a 8,8% de crescimento da construção industrial privada. Espera-se que este crescimento continue em 2015. As previsões apontam para um aumento de 5% em 2015, seguido de 4,2% em 2016.

Alemanha, Japão e Estados Unidos

O rendimento do mercado alemão da construção e setores de materiais registou nos últimos anos uma ligeira melhoria, e as perspetivas para 2015 são positivas. Em 2014, o volume de negócio das empresas alemãs de construção encontra-se claramente acima do nível de 2013. Contudo, no segmento da construção pública notou-se um abrandamento devido à queda do investimento. 2014 fechou com um crescimento de 4% e para 2015 é esperada uma taxa de crescimento de 2%.

No Japão, as perspetivas são positivas dado os benefícios que a indústria gerou em 2014 com um aumento das obras públicas e as medidas de crédito impulsionadas pelo governo, que permitiram um certo alívio ao setor. Não houve aumento nos prazos de pagamento em 2014 e também não se espera que isso aconteça em 2015. Dito isto, as empresas de construção enfrentam algumas dificuldades devido à falta de mão-de-obra, o que leva a maiores custos laborais. Outra questão a valorizar é o aumento dos preços das matérias-primas devido à depreciação do iene, onde as empresas de construção mais pequenas, com finanças frágeis podem enfrentar algumas dificuldades em 2015.

Nos Estados Unidos, o setor da construção continua com a recuperação que iniciou em 2012. Os trabalhos de construção aumentaram 4% em 2014 e espera-se um aumento de 9% para 2015. No entanto, a recuperação do mercado da construção ainda regista um atraso relativamente à recuperação económica global, que começou em 2009.

Nos Emirados Árabes, a forte descida dos preços do petróleo também está a afetar o setor da construção. A indústria continua a sofrer atrasos nos pagamentos acima dos 180 dias. Devido ao clima económico difícil espera-se que os hábitos de pagamento tendam a deteriorar-se nos próximos meses e arraste o crescimento das insolvências.

No México, o setor da construção sofreu uma diminuição da produção de 4,5% em 2013. No entanto, 2014 apresenta alguns sinais de melhoria significativos. Graças ao Novo Plano Nacional de Infraestruturas, que o governo irá aplicar entre 2014 e 2018, pretende-se que o setor acolha um investimento de 415.000 milhões de dólares, o que supõe 5,7% do PIB do México, em mais de 1.000 projetos em transporte, setores de gestão de água, energia, habitação e desenvolvimento urbano.

O setor brasileiro da construção viu-se afetado negativamente por uma desaceleração no crescimento económico. Depois de um crescimento modesto de 0,5% em 2014, espera-se que o setor cresça num ambiente semelhante em 2015. É expectável que as margens de lucro do negócio da construção se contraiam e que tanto os prazos de pagamento como as insolvências aumentem consideravelmente em 2015.

 

Sobre a Crédito y Caución

A Crédito y Caución  é um dos operadores líderes em seguro de crédito interno e de exportação. A Crédito y Caución contribui para o crescimento das empresas, há mais de 85 anos, protegendo-as dos riscos associados às vendas a crédito de bens e serviços. Desde 2008 é o operador do Atradius em Brasil, Espahna e Portugal.

Atradius é o operador global de seguros de crédito, presente em 50 países, que tem acesso a informação de crédito em mais de 100 milhões de empresas em todo o mundo. O operador global consolida a sua actividade no âmbito do Grupo Catalana Occidente.

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