Em 2011, as eleições gerais na Turquia deram uma clara vitória ao conservador Partido da Justiça e do Desenvolvimento [AKP] na Turquia. O AKP, que governa com maioria absoluta pelo terceiro mandato consecutivo, tem conseguido reduzir gradualmente o papel do exército, fortalecendo a posição do regime civil. Porém, a sua ideologia pró islâmica choca com um setor cada vez mais amplo da população, sobretudo nas cidades. Os protestos que eclodiram em Istambul no verão de 2013 foram o reflexo deste crescente mal-estar.
Devido à lentidão extrema do processo de conversações entre a Turquia e a União Europeia, o apoio popular generalizado à adesão desvaneceu. Atualmente, a Turquia centra a sua política externa no fortalecimento dos laços, políticos e económicos, e influência no Médio Oriente e na Ásia Central. A boa relação com Israel deteriorou-se devido às diferenças relativamente ao conflito palestiniano e à mudança de regime no Egipto. A Turquia posicionou-se claramente a favor da oposição na guerra civil síria. Indiscutivelmente que é por esse motivo que o governo sírio retomou o seu apoio tático ao Partido dos Trabalhadores do Curdistão [PKK].
Em 2014 o risco geopolítico aumentou significativamente devido ao rápido avanço do jihadista Estado Islâmico [IS] no vizinho Iraque, o segundo maior mercado de exportações da Turquia, e da Síria. A situação da segurança piorou na zona sudeste do país devido à entrada maciça de refugiados sírios e ao conflito próximo da fronteira. A ambivalência da Turquia perante a coligação contra o Estado Islâmico gerou tensões com os Estados Unidos e a União Europeia.
Na última década, o progresso económico da Turquia tem sido notável. Com estabilidade política desde 2002, quando o AKP chegou ao poder, o PIB do país cresceu até superar a média europeia. O rápido crescimento de uma população de mais de 75 milhões e a crescente prosperidade converteram a Turquia num dos mercados emergentes de maior destaque. Contudo, desde 2013 têm ressurgido as debilidades económicas estruturais: inflação elevada, necessidade de financiamento externo, liquidez internacional débil e aumento do risco político. A divisa turca desvalorizou bruscamente em 2013, quando os investidores se retiraram dos emergentes mais vulneráveis à supressão dos estímulos monetários dos Estandos Unidos. A Turquia viu-se confrontada com o aumento do défice de conta corrente e com o afundamento da sua divisa, 20% em termos nominais e 10% em termos reais face ao dólar, o que colocou o país no grupo dos cinco frágeis, juntamente com a Índia, a Indonésia, a África do Sul e o Brasil.
Abrandamento do Crescimento
Após um abrandamento económico pronunciado em 2012, o PIB da Turquia recuperou em 2013, até 4%. As finanças públicas são sólidas, com pequenos défices perto dos 2% do PIB em 2014 e 2015. A dívida pública manteve-se moderada nos 40% do PIB. Contudo, com taxas de juro mais altas e com uma moeda desvalorizada, a economia voltou a perder força este ano devido ao menor crescimento da exportação, à diminuição do consumo e ao investimento.
Este ano espera-se um crescimento económico abaixo dos 3%. Pelo contrário, a Turquia apresenta uma inflação subjacente alta, que alcançará quase os 9%, muito acima do objetivo de 5% do Banco Central. Nesse contexto, existe uma preocupação crescente sobre a independência do Banco Central, já que o governo turco tem expressado repetidamente o seu desejo por juros baixos para estimular o crescimento. Em Janeiro de 2014, com o colapso da lira, o banco central elevou as taxas de juro de referência de 4,5% para 10%, mas posteriormente reduziu as taxas para 8,25%.
O calcanhar de Aquiles da economia turca continua a ser o persistente défice de conta corrente e o seu financiamento através de entradas de capital e dívida. Em 2014 e 2015, é esperado que o défice de conta corrente melhore, apoiado pela redução dos preços da energia. No entanto continua elevado, próximo dos 6% do PIB, enquanto a taxa de poupança se manterá baixa. Para cobrir o elevado défice da conta corrente, é necessário um aumento da dívida estrangeira e importações de capital consideráveis.
Grandes desafios políticos e económicos
Nas eleições programadas para 2015, prevê-se que se mantenham os atuais equilíbrios políticos. Dado que nada indica o final da guerra civil síria e que a situação política no Iraque continuará muito instável, a situação nas fronteiras da Turquia manter-se-ão em tensão.
Prevê-se um crescimento económico de 3,4% em 2015, apoiado por uma política fiscal flexível, pela redução das taxas de juro e pelo aumento da procura estrangeira perante a fragilidade da lira. Muito depende do desenvolvimento futuro da zona euro, que representa quase 50% das exportações da Turquia e é a sua principal fonte de investimento de capitais. Apesar de se prever que a inflação diminua 7% no próximo ano, manter-se-á elevada, assim como o défice de conta corrente, nos 6%.
A solvência permanece em níveis razoáveis. Apenas uma desvalorização da lira, de mais de 30% em termos reais ameaçaria a sustentabilidade da dívida externa turca, o que não está previsto nos próximos 12 meses.
A futura capacidade das receitas da economia turca encontra-se limitada pelos desequilíbrios macroeconómicos relacionados com a elevada expansão do crédito, a alta inflação e um grande défice externo, unidos a questões estruturais referentes à sua baixa taxa de poupança e às suas debilidades em competitividade. O clima de investimento vê-se dificultado por um sistema judicial débil e um mercado laboral inflexível. Sem reformas estruturais para aumentar a poupança, reduzir a dependência das importações de energia e aumentar o clima de investimentos, o índice de crescimento potencial da Turquia diminuirá para 3% - 3,5% por ano.
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